Sunday, May 30, 2010

SERÁ A INDÚSTRIA MICE PORTADORA DO ELEVADO VALOR ACRESCENTADO QUE SE FALA PARA O TURISMO NACIONAL?

Diz-se que é a nossa principal indústria – o motor de desenvolvimento do arquipélago – promete-se lhe Elevado Valor Acrescentado (EVA), entretanto atribui-se a ele uma reduzida atenção/verba: “apenas 0.8% no orçamento de 2009, que financiou os seguintes projectos: um observatório do turismo, um sistema de informação para a recolha de dados sobre os estabelecimentos e as actividades, o desenvolvimento de uma marca turística para o país, bem como outras iniciativas para diversificar e melhorar o turismo”, conforme o último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Será possível fazer tudo isso com tão diminuto orçamento, a ponto de se atingir EVA ? Eis a questão !?!

Na sua recente entrevista [diga-se, uma dos melhores que já li sobre este sector nos últimos anos], o jóvem Director Geral do Turismo, Carlos Pires Ferreira, prometeu, entre outros :
*Um turismo sustentável e de alto valor acrescentado, com o envolvimento das comunidades locais, quer no processo produtivo, quer também no acesso aos benefícios;
*Um turismo que deverá ter em conta as dez ilhas de Cabo Verde, ou seja, aproveitar ao máximo as potencialidades de cada recurso e transformá-los em produtos de excelência e autênticos, numa complementaridade entre elas, ressaltando as riquezas de cada uma;
*Agregar ao “sol e praia” outras valências, tais como a indústria M.I.C.E., o turismo rural e de natureza, o ecoturismo, o turismo cultural, entre outros, diversificando a oferta, por forma a inentivar maior procura, e sobretudo de qualidade, satisfazendo as aspirações de "clientes" cada vez mais exigentes e interessados em conhecer o "Cabo Verde profundo".
Os três pontos acima elencados parece-nos resumir de forma objectiva os ideais daquele responsável pelo turismo em CV.

Relativamente ao primeiro ponto, queria apenas mencionar que, se o turismo representa cerca de 20% do PIB, a atribuição de apenas 0.8% do bolo orçamental para o sector não é razoável...nem se consegue vislumbrar como se consegue com escassos recursos alcançar o EVA que muito se almeja para o nosso turismo...

Quanto ao segundo ponto, nota-se um convergir de ideias, com o que vem sendo defendido pela sociedade civil nas ilhas ‘ditas abandonadas’: Fogo, Santo Antão, São Nicolau e Brava, onde muito pouco tem sido feito para a promoção do turismo e atracção de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), apesar das vastas potencialidades existentes. Reconhecemos a boa vontade do actual executivo, mas é preciso, despir a camisola político-partidária e dizer aquilo que vem escrito no relatório do FMI : “embora o país tenha feito progressos em termos de expansão de estradas e portos, de transporte e distribuição de electricidade, o principal obstáculo para o desenvolvimento da sua economia é a má qualidade das infra-estruturas de uma ilha para outra e, em cada ilha”, principalmente, nas quatro acima apontadas.

No que se refere ao terceiro ponto, revemo-nos nas ideias do DGT, aliás, em tempos já tinhamos escrito algo nesse fio de pensamento, afirmando que CV precisa diversificar/melhorar a sua oferta turistica e pôr fim a esse olhar enviesado que é atribuido a certas ilhas. Entretanto e, como ao que parece, o governo decidiu-se associar a essa oferta turística algo novo – a tal indústria MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions) – ou seja, um acrônimo para a organização de – Reuniões, Incentivos, Conferências e Exposições. Os terrmos são de fácil entendimento, talvez, com a excepção dos ‘Incentivos’. Pois, o turismo de incentivo é geralmente uma espécie de recompensa que se atribui a um empregado/funcionário da empresa ou instituição pelas metas alcançadas [ou ultrapassadas], ou por um trabalho exemplar que desenvolveu, com o fim último de incentivar as viagens.

A indústria MICE é conhecida por sua extensa programação e exigente clientela e, segundo estimativas, um viajante MICE gasta cerca de 3 vezes mais do que um viajante de lazer regular. MICE por envolver várias vertentes, incluindo infraestruturas de convenção e exibição, serviços de viagens, de alojamento e transportes, de tradução/interpretação, organização de eventos, restauração, marketing, relações públicas, entretenimento, etc., poderá trazer enormes benefícios económicos ao país, contribuindo para o combate ao desemprego, mas será que já fazemos os necessários TPC ?

Estamos realmente preparados para competir com destinos já experimentados nessa matéria, dos quais temos que destacar: Singapura, Paris, Bruxelas, Viena, Barcelona, Tóquio, Seoul, Budapest, Copenhagen, London [os 10 principias receptores de reuniões internacionais] ?

Mesmo a nível da nossa subregião, será que somos competitivos ?

Onde estão as infraestruturas, particularmente na nossa capital ?

A título de exemplo, segue uma breve resenha de Macau (podia perfeitamente falar de Hong Kong, Singapura, Tailândia ou Japão), uma terrinha [hoje com os seus cerca de 29,5 km2, inicialmente com apenas 16 km2] que desde o Século XVI recebe viajantes e negociantes do Oriente e do Ocidente, transformando-se numa das portas de entrada para a China e que, há poucos anos decidiu enveredar pela indústria MICE.

Desde a transferência da soberania à República Popular da China em 1999, o governo local vem realizando importantes reformas a nivel das infraestruturas básicas e vem promovendo, para além do turismo cultural, assente no seu legado histórico [de matriz portuguesa e chinesa] e que, foi considerado Património Mundial da UNESCO em 2005, onde se destacam: igrejas, fortalezas, templos budistas, museus e diversos festivais de gastronomia e de música acrescido de actividades turísticas e desportivas de nível mundial: o Grande Prémio de Macau, a Maratona Internacional de Macau, o Concurso Internacional de Fogo de Artifício, a Feira Internacional de Macau, a Feira Internacional de Arte de Macau, o Festival da Lusofonia, por um lado, bem como modernos hotéis casinos, que servem não só para os jogos, uma vertente em que Macau é já líder mundial, mas também de suporte para a indústria MICE, por outro.

A região conta hoje com insfraestruturas invejáveis para o o desenvolvimento dos MICE. A maior delas está situada no Venetian Resort, composta por um pavilhão com capacidade para 15.000 lugares, um complexo com 25.000 m2 de área para reuniões e uma galeria para exposições com 74.682 m2 de superfície.

Além desta existe ainda outras importantes infraestruturas de suporte à industria MICE no território, p.f. ver :
*Centros de Conferências e Exposições(http://industry.macautourism.gov.mo/pt/page/content.php?page_id=72)
*Hotéis com infra-estruturas(http://www.macautourism.gov.mo/pt/meeting/facilitiesdetail.php?type=46)
*Outros locais de encontro (http://www.macautourism.gov.mo/pt/meeting/facilitiesdetail.php?type=47


Este conjunto de infraestruturas faz de Macau um dos maiores detentores de espaço para convenções e exposições de toda a Ásia. Outrossim, a estabilidade social, o melhoramento das condições de segurança após o retorno de Macau à China, a optimização constante das infraestruturas de transportes terrestres [(público e privado vários), marítimos (3 três terminais de nível superior) e aéreos (1 aeroporto internacional e 1 heliporto) que permitem ligação rápida da cidade ao mundo] e a captação de oportunidades pelos serviços públicos do turismo para a promoção de Macau na China continental e nas diversas feiras e exposições mundiais, para além de atrairem turistas a viajarem para Macau têm tido um efeito indutor para o desenvolvimento dos MICE.

Quanto às estatisticas do sector das convenções e exposições em Macau deixo ao leitor o link seguinte:

http://www.dsec.gov.mo/getAttachment/a7f95aef-0066-4393-bb8bc208dd2e30ae/P_ESCE_FR_2010_Q1.aspx

Para finalizar, queria tão somente lembrar que MICE é uma indústria de futuro, cujas características são essencialmente: alto/elevado/superior, no que ao valor/potencialidades/emprego/articulação/qualidade/ambiente, se refere, pelo que, perguntamos, que indústria MICE para Cabo Verde ? Quais as estratégias ? Que vantagens ? Onde estão os recursos financeiros e humanos ? É mais uma questão de discursos ou será mesmo o EVA que se quer para o nosso turismo ?

Maio de 2010

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Introducing Cape Verde

Most people only know Cape Verde through the haunting mornas (mournful songs) of Cesária Évora. To visit her homeland – a series of unlikely volcanic islands some 500km off the coast of Senegal – is to understand the strange, bittersweet amalgam of West African rhythms and mournful Portuguese melodies that shape her music.

It’s not just open ocean that separates Cape Verde from the rest of West Africa. Cool currents, for example, keep temperatures moderate, and a stable political and economic system help support West Africa’s highest standard of living. The population, who represent varying degrees of African and Portuguese heritage, will seem exuberantly warm if you fly in straight from, say, Britain, but refreshingly low-key if you arrive from Lagos or Dakar.

Hot Top Picks For Cape Verde

1 Mt Fogo
Huff to the top of this stunning, cinder-clad mountain, the country’s only active volcano and, at 2829m, its highest peak.

2 Mardi Gras
Down quantities of grogue, the rumlike national drink, and dive into the colour and chaos in Mindelo.

3 Santo Antão
Hike over the pine-clad ridge of the island, then down into its spectacular canyons and verdant valleys.

4 Windsurfing
Head to the beaches of Boa Vista, and fill your sail with the same transatlantic winds that pushed Columbus to the New World.

5 Traditional music
Watch musicians wave loved ones goodbye with a morna or welcome them back with a coladeira.

6 Cidade Velha
Becomes Cape Verde's first World Heritage site in June 2009.
The town of Ribeira Grande de Santiago, renamed Cidade Velha (Old Town) in the late 18th century, was the first European colonial outpost in the tropics.
Located in the south of the island of Santiago, the town features some of the original street layout impressive remains including two churches, a royal fortress and Pillory square with its ornate 16th century marble pillar.