Estas poucas linhas vieram na sequência do recente artigo «As Festas Municipais e a Promoção da Música Foguense» do nosso patrício e dinamizador do Manduco.net, Kaka.
Vou tentar não ser extensivo, pelo que, começo este artigo com uma questão básica, mas não tão fácil de se pôr em prática.
Entretanto, antes de entrar na parte que mais interessa, faço uso de duas definições importantes para o enquadramento da questão.
Cultura: conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais dos cidadãos de uma determinada região territorial.
Desenvolvimento: um processo dinámico de melhoria, que implica mudança, evolução, crescimento e avanço.
Fica aqui transcrito a minha percepção/opinião sobre este assunto, permanecendo, pois claro, em aberto e contando com a contribuição dos demais articulistas/comentaristas para o seu enriquecimento.
Eis a questão:
Tendo em conta a realidade de Cabo Verde, um pequeno arquipélago formado por 10 Ilhas e uma imensa diáspora, dividido para efeitos administrativos em 22 Concelhos, quando se pretende promover o desenvolvimento social, em particular pensando na cultura, a quais dimensões devemos estar atento/a ?
A meu ver, essencialmente três.
A primeira é a dimensão identitária: não há desenvolvimento (i) se a informação sobre a história e o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais não for do conhecimento de cada cidadão; (ii) se a preservação dos bens, das expressões e das iniciativas culturais não estiver assegurada e; (iii) se a qualificação profissional e a vitalidade criativa não forem estimuladas.
A segunda é a dimensão política: a promoção da cultura implica necessáriamente (i) a existência de um quadro legislativo consistente, que serve de suporte à gestão cultural e permite o enquadramento das políticas nos seus vários níveis; (ii) uma entidade vereadora que actua de forma autónoma, transparente, metódica e tem à disposição os recursos mínimos para desempenhar as suas funções, de entre as quais, garantir a participação dos actores da cultura nas manifestações culturais e; (iii) uma forte, estável e competente articulação supra-partidária, das autoridades administrativas com os intervenientes da cultura, privados/empresas e associações várias.
A terceira é a dimensão económica: o desenvolvimento, pressupõe certos princípios básicos, entre os quais a sustentabilidade, que só é possível (i) se a cultura passar a ser vista como contributo para o bem estar da população; (ii) se contribuir para melhoria da cadeia produtiva e; (iii) se se promover a cultura, tanto a nível interno como externo, de forma abrangente e actualizada, passando à priori pela protecção do património histórico-cultural, pela disponibilização de informações relevantes nos mídia, bem como pela organização/participação em festas/festivais.
Concluindo, de forma resumida, para promover o desenvolvimento social é preciso traçar acções e políticas públicas claras que garantam, por um lado, o fortalecimento da identidade e a preservação da cultura local e, por outro, a vitalidade criativa, a circulação da informação cultural, a geração de rendimento e emprego, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos.
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