Monday, May 18, 2009

QUO VADIS CAFÉ DO FOGO ?!?

1. INTRODUÇÃO
O cafeeiro (Coffea sp.) é um arbusto da família Rubiaceae e do gênero Coffea, da qual se colhem sementes, o café, para a preparação de uma bebida estimulante, conhecida também como café. O cafeeiro é um vigoroso arbusto ou árvore pequena que chega a atingir 3~3,5 m de altura. O caule principal é ereto, e os ramos secundários partem do principal num ângulo aproximado de 90°. As folhas, opostas onduladas nos bordos e de coloração verde-acinzentada quando jovens, encontram-se nestes ramos. As flores brancas e perfumadas surgem em grande profusão, o que a torna também uma planta ornamental.

Os frutos são ovóides, nascendo verdes e passando a vermelho e depois preto, de acordo com as fases de maturação. Casca lisa e brilhante, contendo geralmente duas sementes de coloração acinzentada, branco-amarelada ou amarelo-esverdeada, envoltas por polpa branca, adocicada. As sementes torradas e moídas produzem uma bebida estimulante - o café. O seu principal princípio activo é a cafeína.

2. MOSTEIROS E O SEU CAFÉ
O concelho dos Mosteiros ocupa uma área montanhosa de terras férteis e diversos microclimas, e é essencialmente agrícola e com uma vasta área dedicada ao cultivo do café, o célebre “Café do Fogo”. O “Café do Fogo” desenvolve-se nas zonas mais húmidas dos Mosteiros, e é hoje considerado “um dos melhores do mundo”.

A introdução do café, pensa-se que ocorreu no seculo XVIII ( 1700 ) aquando da criação do margadio de Monte Queimado no Concelho dos Mosteiros, pelo seu primeiro proprietário, Pedro Fidalgo de Andrade.

A fama do café começou a galgar as terras da província de Cabo Verde, na altura província ultramarina, para depois chegar a Portugal continente. O café era o produto de ultramar português de maxima categoria e de grande influencia na balança comercial do arquipelago.

O “Café do Fogo - Monte Queimado”, arrecadou primeiro e segundo prémios da exposição agricola da Praia em 1917 e 1918, Medalha de ouro da exposição colonial do Porto em 1934, além de participação na grande exposição na India Portuguesa em 1954.

O cultivo é feito maioritáriamente a uma altitude que varia entre os 350 e os 1000 metros acima do nível do mar. A excelente qualidade do “Café do Fogo” deve-se em grande parte às condições do solo, rico em matéria orgânica, sendo notória a ausência de meios mecânicos – nem sequer um tractor. Máquinas apropriadas para tratamento do café, embora os manuais, foram adquiridas inicialmente em França e depois na América do Norte.

3. PREOCUPAÇÕES & POTENCIALIDADES
É crescente a preocupação da sociedade moderna com a saúde, a qualidade de vida e do meio ambiente, levando os consumidores a valorizarem a adopção de métodos de produção agrícolas que garantam a qualidade dos produtos e não sejam agressivos ao meio ambiente e socialmente justos com os trabalhadores rurais – os tais produtos orgânicos. É neste contexto que me vem à memória a dinamização do cultivo do café na ilha do Fogo como alternativa para a produção agrícola mais sustentável, ambientalmente equilibrada, socialmente justa e com potencial de mercado.

Desde a sua descoberta, o café desempenha importante papel na economia de países/regiões produtores, processadores, comerciantes e consumidores. Está entre as commodities com maior valor de mercado mundial.

Apesar da pequena percentagem que representa no perímetro agrícola Mosteirense, o cultivo do café é uma actividade com enorme potencial de expansão, pois, se por um lado, permite promover a preservação ambiental e valorização social e económica da ilha, em especial do Concelho, por outro, representa uma óptima oportunidade para fortalecer as organizações de pequenos produtores e reduzir as desigualdades sociais.

Em 2007, a colheita foi de cerca de 45 toneladas, mais 10 toneladas que a produção do ano anterior. Entretanto, Mosteiros tem potencialidades para anualmente produzir pelo menos 500 toneladas de café – carece sim – é de apoios e de investimentos.

As zonas altas da ilha do Fogo detêm um grande potencial para a produção do café, pois disfrutam de um clima ideal (a volta dos 20ºC) para o cultivo do café. Para o café arábica exige-se temperaturas entre 19 a 22º C. Temperaturas mais altas promovem formação de botões florais e estimulam o crescimento dos frutos. Entretanto, estimulam também, a proliferação de pragas e aumenta o risco de infecções que podem comprometer a qualidade da bebida. O cafeeiro é também muito susceptível à geada e temperaturas abaixo de 10ºC inibem o crescimento da planta.

O café robusta é mais resistente a temperaturas altas e a doenças. Adapta-se bem em regiões com média anual de temperatura entre 22 a 26ºC. O cafeeiro reage positivamente a um período de seca que, entretanto, não deve ser muito prolongado. A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais, bem distribuídos. Uma distribuição muito irregular de chuva causa floração desuniforme e maturação desigual dos frutos.

4. ASSESSORIA TÉCNICA E PROTECÇÃO LEGISLATIVA
Com objectivo de apoiar os produtores Mosteirenses no processamento do café, desde a colheita passando pela secagem, armazenamento e transformação, o consultor Daniel Kuhn, esteve durante uma semana (em 2007) na Vila dos Mosteiros.

Depois de um primeiro contacto com os campos de cultivo e a fábrica de transformação do café, a primeira apreciação do consultor Daniel Kuhn, é que a qualidade do café é boa, entretanto necessita de mais e melhor atenção durante o processamento.

Neste quadro o consultar Daniel Kuhn, ministrou durante três dias, uma acção de formação com objectivo de transmitir aos produtores do café as técnicas do processamento do produto de forma a se atingir a qualidade que se quer para o “Café do Fogo”.

No entender do consultor Daniel Kuhn, a criação de uma unidade para o processamento do café onde todos os produtores pudessem colocar os produtos será um primeiro passo a dar. Por outro lado, Kuhn constatou a necessidade de aquisição de novas maquinas para a fábrica de transformação do café, por forma a equipar a fábrica com equipamentos novos e modernos.

O consultor aconselha ainda os produtores a criarem uma cooperativa e procurar parcerias junto das instituições nacionais e internacionais.

Daniel Kuhn, falou também da necessidade de protecção legislativa para que a marca “Café do Fogo” seja protegida, algo que os produtores reivindicam há muito tempo, e apresenta-se como prioridade, se se quer ter um produto de renome e com a sua denominação de origem devidamente reconhecida e preservada. Relembremos que a Denominação de Origem Protegida (DOP) é por sí só um factor de competitividade, pois confere aos detentores um direito específico de propriedade industrial, sobrepondo-se e eliminando qualquer marca que utilize ou evoque a mesma designação.

Os produtores prometeram apresentar ao governo uma proposta legislativa visando a protecção do café produzido nos Mosteiros, em 2007.

5. ALGUMAS QUESTÕES DE RODAPÉ
_ Será que a proposta foi apresentada ao governo ? Se sim, qual foi a posição do governo sobre esta questão ?

_ O que foi (tem sido) feito para a promoção de um produto (que já foi um orgulho nosso e da antiga metrópole) típico de uma ilha que, embora tenha potencialidades naturais várias, continua atrasada e precisando de um novo despertar ?

_ Porque será que as autarquías, permanecem sempre dependentes do poder central para questões básicas do desenvolvimento do município.

_ Não é possível com os recursos do poder local (bem assim através da cooperação descentralizada) proporcionar cursos de cafeicultura aos produtores do café na ilha do Fogo?

Fonte:
1. www.fogo.cv
2. www.chatourfogo.com
3. http://cafemargoso.blogspot.com

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Introducing Cape Verde

Most people only know Cape Verde through the haunting mornas (mournful songs) of Cesária Évora. To visit her homeland – a series of unlikely volcanic islands some 500km off the coast of Senegal – is to understand the strange, bittersweet amalgam of West African rhythms and mournful Portuguese melodies that shape her music.

It’s not just open ocean that separates Cape Verde from the rest of West Africa. Cool currents, for example, keep temperatures moderate, and a stable political and economic system help support West Africa’s highest standard of living. The population, who represent varying degrees of African and Portuguese heritage, will seem exuberantly warm if you fly in straight from, say, Britain, but refreshingly low-key if you arrive from Lagos or Dakar.

Hot Top Picks For Cape Verde

1 Mt Fogo
Huff to the top of this stunning, cinder-clad mountain, the country’s only active volcano and, at 2829m, its highest peak.

2 Mardi Gras
Down quantities of grogue, the rumlike national drink, and dive into the colour and chaos in Mindelo.

3 Santo Antão
Hike over the pine-clad ridge of the island, then down into its spectacular canyons and verdant valleys.

4 Windsurfing
Head to the beaches of Boa Vista, and fill your sail with the same transatlantic winds that pushed Columbus to the New World.

5 Traditional music
Watch musicians wave loved ones goodbye with a morna or welcome them back with a coladeira.

6 Cidade Velha
Becomes Cape Verde's first World Heritage site in June 2009.
The town of Ribeira Grande de Santiago, renamed Cidade Velha (Old Town) in the late 18th century, was the first European colonial outpost in the tropics.
Located in the south of the island of Santiago, the town features some of the original street layout impressive remains including two churches, a royal fortress and Pillory square with its ornate 16th century marble pillar.