1. INTRODUÇÃO
O cafeeiro (Coffea sp.) é um arbusto da família Rubiaceae e do gênero Coffea, da qual se colhem sementes, o café, para a preparação de uma bebida estimulante, conhecida também como café. O cafeeiro é um vigoroso arbusto ou árvore pequena que chega a atingir 3~3,5 m de altura. O caule principal é ereto, e os ramos secundários partem do principal num ângulo aproximado de 90°. As folhas, opostas onduladas nos bordos e de coloração verde-acinzentada quando jovens, encontram-se nestes ramos. As flores brancas e perfumadas surgem em grande profusão, o que a torna também uma planta ornamental.
Os frutos são ovóides, nascendo verdes e passando a vermelho e depois preto, de acordo com as fases de maturação. Casca lisa e brilhante, contendo geralmente duas sementes de coloração acinzentada, branco-amarelada ou amarelo-esverdeada, envoltas por polpa branca, adocicada. As sementes torradas e moídas produzem uma bebida estimulante - o café. O seu principal princípio activo é a cafeína.
2. MOSTEIROS E O SEU CAFÉ
O concelho dos Mosteiros ocupa uma área montanhosa de terras férteis e diversos microclimas, e é essencialmente agrícola e com uma vasta área dedicada ao cultivo do café, o célebre “Café do Fogo”. O “Café do Fogo” desenvolve-se nas zonas mais húmidas dos Mosteiros, e é hoje considerado “um dos melhores do mundo”.
A introdução do café, pensa-se que ocorreu no seculo XVIII ( 1700 ) aquando da criação do margadio de Monte Queimado no Concelho dos Mosteiros, pelo seu primeiro proprietário, Pedro Fidalgo de Andrade.
A fama do café começou a galgar as terras da província de Cabo Verde, na altura província ultramarina, para depois chegar a Portugal continente. O café era o produto de ultramar português de maxima categoria e de grande influencia na balança comercial do arquipelago.
O “Café do Fogo - Monte Queimado”, arrecadou primeiro e segundo prémios da exposição agricola da Praia em 1917 e 1918, Medalha de ouro da exposição colonial do Porto em 1934, além de participação na grande exposição na India Portuguesa em 1954.
O cultivo é feito maioritáriamente a uma altitude que varia entre os 350 e os 1000 metros acima do nível do mar. A excelente qualidade do “Café do Fogo” deve-se em grande parte às condições do solo, rico em matéria orgânica, sendo notória a ausência de meios mecânicos – nem sequer um tractor. Máquinas apropriadas para tratamento do café, embora os manuais, foram adquiridas inicialmente em França e depois na América do Norte.
3. PREOCUPAÇÕES & POTENCIALIDADES
É crescente a preocupação da sociedade moderna com a saúde, a qualidade de vida e do meio ambiente, levando os consumidores a valorizarem a adopção de métodos de produção agrícolas que garantam a qualidade dos produtos e não sejam agressivos ao meio ambiente e socialmente justos com os trabalhadores rurais – os tais produtos orgânicos. É neste contexto que me vem à memória a dinamização do cultivo do café na ilha do Fogo como alternativa para a produção agrícola mais sustentável, ambientalmente equilibrada, socialmente justa e com potencial de mercado.
Desde a sua descoberta, o café desempenha importante papel na economia de países/regiões produtores, processadores, comerciantes e consumidores. Está entre as commodities com maior valor de mercado mundial.
Apesar da pequena percentagem que representa no perímetro agrícola Mosteirense, o cultivo do café é uma actividade com enorme potencial de expansão, pois, se por um lado, permite promover a preservação ambiental e valorização social e económica da ilha, em especial do Concelho, por outro, representa uma óptima oportunidade para fortalecer as organizações de pequenos produtores e reduzir as desigualdades sociais.
Em 2007, a colheita foi de cerca de 45 toneladas, mais 10 toneladas que a produção do ano anterior. Entretanto, Mosteiros tem potencialidades para anualmente produzir pelo menos 500 toneladas de café – carece sim – é de apoios e de investimentos.
As zonas altas da ilha do Fogo detêm um grande potencial para a produção do café, pois disfrutam de um clima ideal (a volta dos 20ºC) para o cultivo do café. Para o café arábica exige-se temperaturas entre 19 a 22º C. Temperaturas mais altas promovem formação de botões florais e estimulam o crescimento dos frutos. Entretanto, estimulam também, a proliferação de pragas e aumenta o risco de infecções que podem comprometer a qualidade da bebida. O cafeeiro é também muito susceptível à geada e temperaturas abaixo de 10ºC inibem o crescimento da planta.
O café robusta é mais resistente a temperaturas altas e a doenças. Adapta-se bem em regiões com média anual de temperatura entre 22 a 26ºC. O cafeeiro reage positivamente a um período de seca que, entretanto, não deve ser muito prolongado. A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais, bem distribuídos. Uma distribuição muito irregular de chuva causa floração desuniforme e maturação desigual dos frutos.
4. ASSESSORIA TÉCNICA E PROTECÇÃO LEGISLATIVA
Com objectivo de apoiar os produtores Mosteirenses no processamento do café, desde a colheita passando pela secagem, armazenamento e transformação, o consultor Daniel Kuhn, esteve durante uma semana (em 2007) na Vila dos Mosteiros.
Depois de um primeiro contacto com os campos de cultivo e a fábrica de transformação do café, a primeira apreciação do consultor Daniel Kuhn, é que a qualidade do café é boa, entretanto necessita de mais e melhor atenção durante o processamento.
Neste quadro o consultar Daniel Kuhn, ministrou durante três dias, uma acção de formação com objectivo de transmitir aos produtores do café as técnicas do processamento do produto de forma a se atingir a qualidade que se quer para o “Café do Fogo”.
No entender do consultor Daniel Kuhn, a criação de uma unidade para o processamento do café onde todos os produtores pudessem colocar os produtos será um primeiro passo a dar. Por outro lado, Kuhn constatou a necessidade de aquisição de novas maquinas para a fábrica de transformação do café, por forma a equipar a fábrica com equipamentos novos e modernos.
O consultor aconselha ainda os produtores a criarem uma cooperativa e procurar parcerias junto das instituições nacionais e internacionais.
Daniel Kuhn, falou também da necessidade de protecção legislativa para que a marca “Café do Fogo” seja protegida, algo que os produtores reivindicam há muito tempo, e apresenta-se como prioridade, se se quer ter um produto de renome e com a sua denominação de origem devidamente reconhecida e preservada. Relembremos que a Denominação de Origem Protegida (DOP) é por sí só um factor de competitividade, pois confere aos detentores um direito específico de propriedade industrial, sobrepondo-se e eliminando qualquer marca que utilize ou evoque a mesma designação.
Os produtores prometeram apresentar ao governo uma proposta legislativa visando a protecção do café produzido nos Mosteiros, em 2007.
5. ALGUMAS QUESTÕES DE RODAPÉ
_ Será que a proposta foi apresentada ao governo ? Se sim, qual foi a posição do governo sobre esta questão ?
_ O que foi (tem sido) feito para a promoção de um produto (que já foi um orgulho nosso e da antiga metrópole) típico de uma ilha que, embora tenha potencialidades naturais várias, continua atrasada e precisando de um novo despertar ?
_ Porque será que as autarquías, permanecem sempre dependentes do poder central para questões básicas do desenvolvimento do município.
_ Não é possível com os recursos do poder local (bem assim através da cooperação descentralizada) proporcionar cursos de cafeicultura aos produtores do café na ilha do Fogo?
Fonte:
1. www.fogo.cv
2. www.chatourfogo.com
3. http://cafemargoso.blogspot.com
O cafeeiro (Coffea sp.) é um arbusto da família Rubiaceae e do gênero Coffea, da qual se colhem sementes, o café, para a preparação de uma bebida estimulante, conhecida também como café. O cafeeiro é um vigoroso arbusto ou árvore pequena que chega a atingir 3~3,5 m de altura. O caule principal é ereto, e os ramos secundários partem do principal num ângulo aproximado de 90°. As folhas, opostas onduladas nos bordos e de coloração verde-acinzentada quando jovens, encontram-se nestes ramos. As flores brancas e perfumadas surgem em grande profusão, o que a torna também uma planta ornamental.
Os frutos são ovóides, nascendo verdes e passando a vermelho e depois preto, de acordo com as fases de maturação. Casca lisa e brilhante, contendo geralmente duas sementes de coloração acinzentada, branco-amarelada ou amarelo-esverdeada, envoltas por polpa branca, adocicada. As sementes torradas e moídas produzem uma bebida estimulante - o café. O seu principal princípio activo é a cafeína.
2. MOSTEIROS E O SEU CAFÉ
O concelho dos Mosteiros ocupa uma área montanhosa de terras férteis e diversos microclimas, e é essencialmente agrícola e com uma vasta área dedicada ao cultivo do café, o célebre “Café do Fogo”. O “Café do Fogo” desenvolve-se nas zonas mais húmidas dos Mosteiros, e é hoje considerado “um dos melhores do mundo”.
A introdução do café, pensa-se que ocorreu no seculo XVIII ( 1700 ) aquando da criação do margadio de Monte Queimado no Concelho dos Mosteiros, pelo seu primeiro proprietário, Pedro Fidalgo de Andrade.
A fama do café começou a galgar as terras da província de Cabo Verde, na altura província ultramarina, para depois chegar a Portugal continente. O café era o produto de ultramar português de maxima categoria e de grande influencia na balança comercial do arquipelago.
O “Café do Fogo - Monte Queimado”, arrecadou primeiro e segundo prémios da exposição agricola da Praia em 1917 e 1918, Medalha de ouro da exposição colonial do Porto em 1934, além de participação na grande exposição na India Portuguesa em 1954.
O cultivo é feito maioritáriamente a uma altitude que varia entre os 350 e os 1000 metros acima do nível do mar. A excelente qualidade do “Café do Fogo” deve-se em grande parte às condições do solo, rico em matéria orgânica, sendo notória a ausência de meios mecânicos – nem sequer um tractor. Máquinas apropriadas para tratamento do café, embora os manuais, foram adquiridas inicialmente em França e depois na América do Norte.
3. PREOCUPAÇÕES & POTENCIALIDADES
É crescente a preocupação da sociedade moderna com a saúde, a qualidade de vida e do meio ambiente, levando os consumidores a valorizarem a adopção de métodos de produção agrícolas que garantam a qualidade dos produtos e não sejam agressivos ao meio ambiente e socialmente justos com os trabalhadores rurais – os tais produtos orgânicos. É neste contexto que me vem à memória a dinamização do cultivo do café na ilha do Fogo como alternativa para a produção agrícola mais sustentável, ambientalmente equilibrada, socialmente justa e com potencial de mercado.
Desde a sua descoberta, o café desempenha importante papel na economia de países/regiões produtores, processadores, comerciantes e consumidores. Está entre as commodities com maior valor de mercado mundial.
Apesar da pequena percentagem que representa no perímetro agrícola Mosteirense, o cultivo do café é uma actividade com enorme potencial de expansão, pois, se por um lado, permite promover a preservação ambiental e valorização social e económica da ilha, em especial do Concelho, por outro, representa uma óptima oportunidade para fortalecer as organizações de pequenos produtores e reduzir as desigualdades sociais.
Em 2007, a colheita foi de cerca de 45 toneladas, mais 10 toneladas que a produção do ano anterior. Entretanto, Mosteiros tem potencialidades para anualmente produzir pelo menos 500 toneladas de café – carece sim – é de apoios e de investimentos.
As zonas altas da ilha do Fogo detêm um grande potencial para a produção do café, pois disfrutam de um clima ideal (a volta dos 20ºC) para o cultivo do café. Para o café arábica exige-se temperaturas entre 19 a 22º C. Temperaturas mais altas promovem formação de botões florais e estimulam o crescimento dos frutos. Entretanto, estimulam também, a proliferação de pragas e aumenta o risco de infecções que podem comprometer a qualidade da bebida. O cafeeiro é também muito susceptível à geada e temperaturas abaixo de 10ºC inibem o crescimento da planta.
O café robusta é mais resistente a temperaturas altas e a doenças. Adapta-se bem em regiões com média anual de temperatura entre 22 a 26ºC. O cafeeiro reage positivamente a um período de seca que, entretanto, não deve ser muito prolongado. A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais, bem distribuídos. Uma distribuição muito irregular de chuva causa floração desuniforme e maturação desigual dos frutos.
4. ASSESSORIA TÉCNICA E PROTECÇÃO LEGISLATIVA
Com objectivo de apoiar os produtores Mosteirenses no processamento do café, desde a colheita passando pela secagem, armazenamento e transformação, o consultor Daniel Kuhn, esteve durante uma semana (em 2007) na Vila dos Mosteiros.
Depois de um primeiro contacto com os campos de cultivo e a fábrica de transformação do café, a primeira apreciação do consultor Daniel Kuhn, é que a qualidade do café é boa, entretanto necessita de mais e melhor atenção durante o processamento.
Neste quadro o consultar Daniel Kuhn, ministrou durante três dias, uma acção de formação com objectivo de transmitir aos produtores do café as técnicas do processamento do produto de forma a se atingir a qualidade que se quer para o “Café do Fogo”.
No entender do consultor Daniel Kuhn, a criação de uma unidade para o processamento do café onde todos os produtores pudessem colocar os produtos será um primeiro passo a dar. Por outro lado, Kuhn constatou a necessidade de aquisição de novas maquinas para a fábrica de transformação do café, por forma a equipar a fábrica com equipamentos novos e modernos.
O consultor aconselha ainda os produtores a criarem uma cooperativa e procurar parcerias junto das instituições nacionais e internacionais.
Daniel Kuhn, falou também da necessidade de protecção legislativa para que a marca “Café do Fogo” seja protegida, algo que os produtores reivindicam há muito tempo, e apresenta-se como prioridade, se se quer ter um produto de renome e com a sua denominação de origem devidamente reconhecida e preservada. Relembremos que a Denominação de Origem Protegida (DOP) é por sí só um factor de competitividade, pois confere aos detentores um direito específico de propriedade industrial, sobrepondo-se e eliminando qualquer marca que utilize ou evoque a mesma designação.
Os produtores prometeram apresentar ao governo uma proposta legislativa visando a protecção do café produzido nos Mosteiros, em 2007.
5. ALGUMAS QUESTÕES DE RODAPÉ
_ Será que a proposta foi apresentada ao governo ? Se sim, qual foi a posição do governo sobre esta questão ?
_ O que foi (tem sido) feito para a promoção de um produto (que já foi um orgulho nosso e da antiga metrópole) típico de uma ilha que, embora tenha potencialidades naturais várias, continua atrasada e precisando de um novo despertar ?
_ Porque será que as autarquías, permanecem sempre dependentes do poder central para questões básicas do desenvolvimento do município.
_ Não é possível com os recursos do poder local (bem assim através da cooperação descentralizada) proporcionar cursos de cafeicultura aos produtores do café na ilha do Fogo?
Fonte:
1. www.fogo.cv
2. www.chatourfogo.com
3. http://cafemargoso.blogspot.com
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