Wednesday, February 11, 2009

Santa Catarina do Fogo : Pobreza § Cuidados de Saúde

A pobreza económica tem sido o principal factor do sofrimento e a baixa qualidade de vida das comunidades empobrecidas da Ilha do Fogo e não só. Com toda a mestria, diz Amartya Sen (Prémio Nóbel de Economia em 1998), que a falta de acesso a oportunidades para o crescimento individual e para o desenvolvimento, representa o grande mal social dos nossos dias.

O dualismo pobreza e falta de oportunidades, estreitamente relacionados entre si, resulta em comunidades caracterizadas pelo isolamento territorial e social, falta de coesão, altas taxas de desemprego, falta de serviços públicos essenciais, deficiente acesso a educação, saúde e saneamento, resultando muitas vezes em criminalidade, violência (particularmente a doméstica) e morte prematura.

A pobreza ( aqui refiro me à pobreza como sendo “ não ter o que colocar na panela, estar doente e não poder ir ao médico, não ter emprego e temer o futuro, viver um dia de cada vez, perder um ente querido por uma simples doença e por não ter uma aspirina para tratá-lo” ) é sem margem de dúvida uma das causas latentes, doença e morte de muitos membros (chefe) das famílias mais pobres de Djarfogo, em particular no Concelho de Santa Catarina, o mais pobre do universo caboverdiano, conforme dados recentes do INE.

Santa Catarina, com uma área de aproximadamente 125 Km2 e uma população que ultrapassa os 5.000 habitantes, não conta com um único Centro de Saúde (e muito menos um médico residente ou uma farmácia pública) capacitado para satisfazer as necessidades da população. O antigo Posto Sanitário de Cova Figueira, com instalações precárias e inacessiveis, sem recursos materiais e humanos, num concelho com elevado número de crianças e idosos, entre os quais, cerca de 20% a residirem nas proximidades de um vulcão, ainda activo.

Cabe a todos os Santacatarinenses (residente e na diáspora) e os governos (local e nacional) esquecer as diferenças partidárias e conjugar esforços para ajudar a criar infraestruturas básicas, que permitem satisfazer as necesidades da população, por um lado, bem como responder a demanda dos visitantes durante o seu périplo pelo Concelho, por outro.

Vemos com bons olhos a notícia veiculada através da Inforpress, no dia 10 do mês em curso, em que diz-se que a Câmara Municipal de Santa Catarina, pretende transformar a Unidade Sanitária de Base de Chã de Caldeiras num Posto Sanitário e solicitar ao Governo a colocação de um enfermeiro residente. Conforme a Inforpress, a edilidade pretende, com esta estratégia, fazer com que haja uma melhoria sensível (a nosso ver devia se criar condiçoes para melhoria significativa e substancial) em termos de prestação de cuidados de saúde à população daquela localidade, e preparar-se para a eventual demanda de um número cada vez mais crescente de turistas, que procuram essa localidade. Louvável, mas não chega. Esperamos por mais e melhor!

Para além das razões acima apontadas, relativamente à distancia que separa Chã das Caldeiras das infra-estruturas de saúde na ilha (São Filipe e Cova Figueira (não esqueçamos a existente está absoleta e sem recursos)) e, por outro, a vocação turística da localidade, onde é notório a afluência crescente de turistas que visitam a ilha do Fogo. É nossa opinião que, as autoridades (local e nacional) devem pensar Santa Catarina, tendo em mente o conceito de ‘Município Saudàvel’, isto é, aquele que coloca a saúde e o bem-estar das populações no centro do processo de tomada de decisões - aquele que procura melhorar o bem-estar físico, mental, social e ambiental dos que ali vivem e trabalham - aquele que embora não atingiu um avançado nível de saúde, está todavia consciente de que a promoção da saúde é um processo e não poupa esforços para a sua melhoria.

Sabendo que os serviços de saúde têm influência directa sobre os padrões de vida, o acesso a cuidados de saúde é um bem essencial que deve ser disponibilizado a todas as populações, sem prejuízo de estarem distantes ou próximas dos centros urbanos.

As autoridades devem observar/analisar as influências/impactos de outros factores, como por exemplo, estilo de vida, agregado familiar, nível educacional, emancipação feminina, acesso ao emprego, questões ambientais, etc., sobre os níveis de saúde. Pois, só assim, se pode traçar estratégias de desenvolvimento que tenha como centro de atenção a disponibilização de um sistema de saúde eficiente e duradouro.

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Introducing Cape Verde

Most people only know Cape Verde through the haunting mornas (mournful songs) of Cesária Évora. To visit her homeland – a series of unlikely volcanic islands some 500km off the coast of Senegal – is to understand the strange, bittersweet amalgam of West African rhythms and mournful Portuguese melodies that shape her music.

It’s not just open ocean that separates Cape Verde from the rest of West Africa. Cool currents, for example, keep temperatures moderate, and a stable political and economic system help support West Africa’s highest standard of living. The population, who represent varying degrees of African and Portuguese heritage, will seem exuberantly warm if you fly in straight from, say, Britain, but refreshingly low-key if you arrive from Lagos or Dakar.

Hot Top Picks For Cape Verde

1 Mt Fogo
Huff to the top of this stunning, cinder-clad mountain, the country’s only active volcano and, at 2829m, its highest peak.

2 Mardi Gras
Down quantities of grogue, the rumlike national drink, and dive into the colour and chaos in Mindelo.

3 Santo Antão
Hike over the pine-clad ridge of the island, then down into its spectacular canyons and verdant valleys.

4 Windsurfing
Head to the beaches of Boa Vista, and fill your sail with the same transatlantic winds that pushed Columbus to the New World.

5 Traditional music
Watch musicians wave loved ones goodbye with a morna or welcome them back with a coladeira.

6 Cidade Velha
Becomes Cape Verde's first World Heritage site in June 2009.
The town of Ribeira Grande de Santiago, renamed Cidade Velha (Old Town) in the late 18th century, was the first European colonial outpost in the tropics.
Located in the south of the island of Santiago, the town features some of the original street layout impressive remains including two churches, a royal fortress and Pillory square with its ornate 16th century marble pillar.