Saturday, April 25, 2009

Djarfogo

Djarfogo – uma das mais belas ilhas do nosso arquipélago. Antes denominada por São Filipe, mais tarde – Ilha do Fogo – nome expressivo, atribuido em honra ao imponente e representativo Vulcão, seu ex-libris e um dos símbolos mais notáveis de Cabo Verde.

Descoberta em 1460, juntamente com as ilhas de Santiago e Maio. De origem vulcânica e situada a oeste de Santiago, com cerca de 476 km2, ali fica o ponto mais alto de Cabo Verde – com uma beleza espectacular, natural e enigmática – contagia todos que a visita.

Desde o início da sua descoberta e povoamento, parece ter sentido os efeitos da mudança no seu equilíbrio natural, continuando, ainda que, intermitentemente, por largos anos, a irradiar a sua energia, como se querendo demonstrar, a sua majestosa presença.

Moldado pela natureza e as adversidades da vida, o Foguense é humilde e leal – descritos pelo seu poeta -maior, Pedro Cardoso, como de «peto de bronze, alma de cetim».

A ânsia de ultrapassar as barreiras e construir um futuro melhor, foi e deve continuar a guiar-nos, em especial servir de alavanca para a nossa emancipação enquanto ser social.

Segundo Germano Almeida, no livro «CABO VERDE, VIAGEM PELA HISTÓRIA DAS ILHAS», em 1582, a Ilha do Fogo, tinha cerca de 2300 pessoas, das quais 300 eram homens livres e 2000 escravos, vivendo da plantação do algodão e videira, cujo os produtos eram exportados para Guiné e Brasil. A vida dos Foguenses, nunca foi fácil, para além da falta da liberdade, houve períodos de sofrimentos que marcaram a história da ilha.

A primeira grande fome que se tem memória na ilha, ocorreu em 1719, e depois veio o de 1759, nesse ano houve uma tremenda erupção vulcânica, projectando areias que atingiram as ilhas da Brava e Santiago, provocando estragos no pasto e agricultura – as chuvas de areia, eram como lágrimas a querer expressar o desespero que a ilha estava passando, pelo abandono do poder central. Nos meados de 1773, uma outra terrível fome pairou na ilha, provocada pela escassez de chuva e de apoio do governo central, ceifando muitas vidas. Essa terrivel ocorrência, foi agravada pelo decreto que proibia o livre comércio dos produtos local com o exterior.

Entre 1941 a 1942, outra catástrofe humana ocorreu no Fogo, causando inumeras perdas de vidas e bens materiais. Relata Germano Almeida, que mais de 7500 pessoas, cerca de 31% da população desapareceu durante aquela crise. Perante tal desepero, alguns Foguenses, resolveram denunciar as calamidades sociais, mas, em vez de receberem apoio para combater os males, foram presos, deportados e humilhados.

Com a independência nacional em 1975, a ilha ganhou alguma dinâmica, embora limitada, por constrangimentos vários, desde logo, a falta de infraestruturas físicas e ligação marítima e aérea eficiente que facilita o contacto com a capital do país. Muitos dos seus filhos hoje vivem na diáspora – e sentem se tristes, ao ver que não existe vontade política e perspectivas claras de desenvovimento para a ilha que os viu nascer.

Passado mais de 3 décadas, desde que os caboverdianos assumiram o seu próprio destino e apesar de muitos dos responsáveis dos sucessivos governos no poder serem filhos de Djarfogo, a ilha continua num grande marasmo e ao mercê do destino.

Djarfogo terra sabi, de beleza, de esperança, de harmonia, de bom convívio entre as suas gentes e a natureza, espera por dias de progresso e igualdade na diversidade, onde cada um pode participar, contribuindo para o seu engrandecimento e de Cabo Verde.

Administrativamente dividida em três concelhos – São Filipe, Mosteiros e Santa Catarina, a ilha precisa de um novo despertar.

São Filipe, a cidade dos famosos sobrados, detêm parte significativa do património histórico nacional que merece ser preservado e estudado, pois, representa o passado, o presente e o futuro deste nosso Cabo Verde, que se almeja mais e melhor para todos os seus filhos.

Outrora em São Filipe, hoje um pouco por todo o concelho, entre 25 de Abril a 1 de Maio, comemora se a «Festa de San Filipe», que atrai grande público, nacional e da diáspora, durante cerca de duas semanas. Mas, em Djarfogo, comemora-se, entre outras, de 21 de Janeiro a 15 de Fevereiro, a «Banderona» em Campanas de Baixo e bem assim as «Festas Juninas» por toda a ilha.

Se se observar atentamente, Djarfogo está constantemente a celebrar as suas festas tradicionais, um excelente atrativo turístico ainda por explorar a nível económico.

Mosteiros, com as suas particularidades e identidade própria – dispõe de terras aráveis onde se produz o célebre Café do Fogo, uma das melhores do mundo, saboreado e comentado pelos caboverdianos e não só.

Santa Catarina, o nóvel concelho criado na freguesia com o mesmo nome, situado ao redor do imponente Vulcao do Fogo, com uma vista deslumbrante, tem potencialidades natural e humana para contribuir para o desenvolvimento da ilha do Fogo e de Cabo Verde. Chã das Caldeiras onde se produz o famoso Vinho do Fogo, é um destino turístico por excelência e tal como toda a ilha clama pelo lugar a que tem direito no contexto económico nacional.

A festividades de San Filipe, deve extravassar os comes e bebes e também servir para (re)pensar o desenvolvimento de Djarfogo – por forma a garantir uma vida com dignidade aos que ali vive e labuta.

Djarfogo, bem haja!

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Introducing Cape Verde

Most people only know Cape Verde through the haunting mornas (mournful songs) of Cesária Évora. To visit her homeland – a series of unlikely volcanic islands some 500km off the coast of Senegal – is to understand the strange, bittersweet amalgam of West African rhythms and mournful Portuguese melodies that shape her music.

It’s not just open ocean that separates Cape Verde from the rest of West Africa. Cool currents, for example, keep temperatures moderate, and a stable political and economic system help support West Africa’s highest standard of living. The population, who represent varying degrees of African and Portuguese heritage, will seem exuberantly warm if you fly in straight from, say, Britain, but refreshingly low-key if you arrive from Lagos or Dakar.

Hot Top Picks For Cape Verde

1 Mt Fogo
Huff to the top of this stunning, cinder-clad mountain, the country’s only active volcano and, at 2829m, its highest peak.

2 Mardi Gras
Down quantities of grogue, the rumlike national drink, and dive into the colour and chaos in Mindelo.

3 Santo Antão
Hike over the pine-clad ridge of the island, then down into its spectacular canyons and verdant valleys.

4 Windsurfing
Head to the beaches of Boa Vista, and fill your sail with the same transatlantic winds that pushed Columbus to the New World.

5 Traditional music
Watch musicians wave loved ones goodbye with a morna or welcome them back with a coladeira.

6 Cidade Velha
Becomes Cape Verde's first World Heritage site in June 2009.
The town of Ribeira Grande de Santiago, renamed Cidade Velha (Old Town) in the late 18th century, was the first European colonial outpost in the tropics.
Located in the south of the island of Santiago, the town features some of the original street layout impressive remains including two churches, a royal fortress and Pillory square with its ornate 16th century marble pillar.